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Novas autoridades da Síria tentam tranquilizar comunidade internacional
Novas autoridades da Síria tentam tranquilizar comunidade internacional / foto: Sameer al Doumy - AFP

Novas autoridades da Síria tentam tranquilizar comunidade internacional

As novas autoridades na Síria, dominada por islamistas radicais, buscam tranquilizar a comunidade internacional sobre sua capacidade de pacificar o país, devastado por 13 anos de guerra civil que, segundo a ONU, "ainda não acabou".

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A ofensiva rebelde que levou à queda de Bashar al Assad em 8 de dezembro deixou a Síria nas mãos de um novo líder, Abu Mohammed al Jolani, chefe do grupo radical sunita Hayat Tahrir al Sham (HTS).

Jolani prometeu dissolver e integrar ao exército as facções rebeldes que, lideradas pelo HTS, derrubaram o regime em uma ofensiva relâmpago de 11 dias.

O chefe militar do HTS, Murhaf Abu Qasra, afirmou nesta terça-feira (17) que seu grupo será "o primeiro" a dissolver seu braço armado.

Apesar disso, os combates continuam no norte do país entre forças curdas sírias e grupos apoiados pela Turquia.

O enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, declarou ao Conselho de Segurança estar "gravemente preocupado", apesar de um cessar-fogo temporário mediado pelos Estados Unidos, alertando que o conflito na Síria "não terminou".

A Turquia, que apoia o novo governo sírio, justifica sua ofensiva contra as forças curdas no nordeste alegando que são apoiadas pelo Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), seu inimigo de longa data.

Enquanto isso, países ocidentais tentam estabelecer laços com o novo governo, conscientes do risco de um ressurgimento do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) na Síria.

Em mensagens no Telegram, Jolani, agora usando seu nome verdadeiro Ahmad al Shareh, garantiu que os grupos rebeldes "serão dissolvidos e os combatentes preparados para integrar o Ministério da Defesa, todos sob a lei".

- "Lobo em pele de cordeiro" -

Alemanha e França anunciaram seus primeiros contatos, enquanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a União Europeia (UE) está "pronta" para reabrir sua representação em Damasco.

Washington também estabeleceu contatos com o HTS, embora os Estados Unidos ainda considerem como "terrorista" o grupo, que era vinculado à Al Qaeda, mas assegura ter abandonado o jihadismo.

Israel mostra desconfiança e seu primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, organizou nesta terça uma reunião de segurança nas Colinas do Golã, território parcialmente anexado e ocupado pelos israelenses.

Jolani é "um lobo em pele de cordeiro", declarou a vice-ministra das Relações Exteriores israelense, Sharren Haskel.

Desde 8 de dezembro, o exército israelense tem bombardeado instalações militares sírias para evitar que caiam nas mãos das novas autoridades.

Em todo o país, os sírios tentam reconstruir suas vidas, quase 14 anos após o início da guerra civil, iniciada em 2011 com a repressão a manifestações pró-democracia. O conflito deixou meio milhão de mortos e seis milhões de exilados.

Nos antigos mercados de Damasco, a maioria das lojas reabriu e os comerciantes pintam suas fachadas de branco para apagar as cores da antiga bandeira síria.

- "De repente" -

A ONU estima que sete em cada dez sírios precisam de ajuda humanitária e "desaconselhou" um retorno "em larga escala" dos refugiados até que a situação se estabilize.

A Síria é um país de maioria sunita, mas multiétnico e multiconfessional, e há dúvidas sobre como as novas autoridades tratarão as minorias.

"A Síria deve permanecer unida e é necessário que haja um contrato social entre o Estado e todas as fés para garantir justiça social", afirmou Jolani em um encontro com representantes da comunidade drusa, uma ramificação do islamismo xiita que representava 3% da população síria antes da guerra.

Alguns sírios começaram a retornar às suas cidades em ruínas, como Maaret al Numan, no oeste, onde os combates desde 2012 deixaram paredes destruídas e ruas devastadas.

"Estamos aqui para proteger as pessoas e suas propriedades", disse Jihad Shahin, um policial de 50 anos. "Vamos reconstruir melhor do que antes".

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