Morning Chronicle - Pedidos de calma na França após distúrbios por morte de jovem em ação policial

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Pedidos de calma na França após distúrbios por morte de jovem em ação policial
Pedidos de calma na França após distúrbios por morte de jovem em ação policial / foto: Zakaria Abdelkafi - AFP

Pedidos de calma na França após distúrbios por morte de jovem em ação policial

O governo da França fez um apelo nesta quarta-feira (28) por "calma" depois que a morte de um jovem atingido por um tiro da polícia provocou distúrbios em um subúrbio de Paris, além de muitas críticas de políticos e celebridades, como o astro do futebol Kylian Mbappé e o ator Omar Sy.

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"Entendemos o desejo de resposta e queremos que aconteça com total transparência", afirmou o porta-voz do governo, Olivier Véran, ao mesmo tempo que fez um "apelo à calma nesta situação tão particular e de emoção muito forte".

A tragédia, que provocou a retomada do debate sobre a violência policial na França, aconteceu na manhã de terça-feira em Nanterre, na periferia oeste de Paris, durante uma abordagem policial a um jovem de 17 anos que dirigia um carro amarelo.

Um vídeo que circula nas redes sociais, verificado pela AFP, mostra o momento em que dois agentes apontam armas para o motorista e atiram à queima-roupa quando ele acelera com o veículo. Na gravação é possível ouvir a frase "você vai tomar um tiro na cabeça", mas não está claro quem pronuncia as palavras.

A fuga do jovem terminou alguns metros adiante, quando o carro bateu contra um poste. A vítima, Naël M., faleceu pouco depois de ter sido atingido por um tiro no tórax.

"Nada, nada justifica a morte de um jovem", afirmou em Marselha o presidente centrista Emmanuel Macron, que pediu à "justiça" para examinar o ato "indesculpável".

O caso provocou vários atos de distúrbios em Nanterre na terça-feira à noite e durante a madrugada de quarta-feira, com o balanço de 31 detidos, 24 policiais levemente feridos e 40 carros incendiados, segundo as autoridades.

O ministro do Interior, Gérald Darmanin, anunciou a mobilização de 2.000 policiais e gendarmes durante a quarta-feira nos subúrbios ao oeste da capital francesa para evitar novos distúrbios.

A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, disse esperar que sua "exigência absoluta pela verdade permita que o apaziguamento prevaleça sobre aira".

A mãe da vítima convocou, em uma mensagem na rede social TikTok, uma passeata em homenagem a Naël na tarde de quinta-feira em Nanterre, perto do local da morte. "É uma revolta por meu filho".

- "Situação inaceitável" -

As forças de segurança na França são acusadas com frequência de abusos ou uso excessivo da força, como durante os protestos recentes contra a reforma da Previdência.

Porém, a tragédia mais recente provocou uma onda de indignação. A França registrou 13 mortes em 2022 durante incidentes similares ao de Naël em operações da polícia para controlar o trânsito.

"A pena de morte não existe mais na França. Nenhum policial tem o direito de matar, exceto em caso de legítima defesa", tuitou o político de esquerda Jean-Luc Mélenchon.

Além da oposição de esquerda, astros do futebol e celebridades se uniram às críticas e pediram uma "justiça digna", nas palavras do ator Omar Sy.

"Estou sofrendo pela minha França. Uma situação inaceitável", tuitou o atacante Kylian Mbappé, do Paris Saint-Germain (PSG), que expressou pêsames à família de Naël, "um anjo que nos deixou muito cedo".

Em novembro de 2020, Mbappé reagiu à agressão que o produtor musical negro Michel Zecler sofreu de policiais em Paris. Na ocasião, o atleta denunciou uma violência "inadmissível".

Jules Koundé, jogador do FC Barcelona, também reagiu contra o que chamou de "novo abuso policial" e chamou a situação de "dramática".

Darmanin afirmou na terça-feira que as imagens da operação são "muito impactantes", mas pediu que todos respeitem o "luto" dos parentes da vítima e a "presunção de inocência" dos policiais.

O agente de 38 anos suspeito de atirar contra o jovem está sob custódia da polícia.

A justiça abriu duas investigações: uma por homicídio doloso por parte de um funcionário público e outra pela recusa da vítima a obedecer ordens e tentativa de homicídio doloso contra um funcionário público.

Em maio, vários países expressaram preocupação na ONU com a violência policial e a discriminação racial na França.

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